terça-feira, 11 de outubro de 2011

Help Jack D:

http://www.youtube.com/watch?v=VenEVnc3vqg&feature=relmfu

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

balada, rá.

O lugar estava cheio de gente. Gente pra caramba. Dançando, conversando, bebendo, socializando. Fazia tempo que não saia. Estava naquele relacionamento fazia 5 anos. E levar um chute não é nada bom. Nem um pouco reconfortante. Principalmente quando você foi chifrada. E tem a leve impressão que existe MESMO um par de chifres na sua cabeça e todos olham pra você com expressão de compadecimento. Ah vá.

Por conta disso tudo, ela pintou o cabelo, se valorizou, entrou na academia, malhou, malhou. Aproveitou e resolveu dar uma olhadinha naquela loja de griffe nova ao lado da academia. Ela deu de cara com ele. Não com o ex. Com aquele vestido que...que...parecia que tinha sido feito pra ela.

Não pensou duas vezes. Nem sequer olhou a etiqueta. O preço não importava agora. Abriu a bolsa, pegou o cartão. Não dividiu, foi à vista. Só pra poder dizer para as amigas: ''Foi à vista.''

Era um sábado especial. Passou a manhã no SPA, se valorizando. Foi pro salão,e lá fez as unhas. Pintou de vermelho luxúria e deu uma chapinha PODEROSA que nem gofo de bebê derruba.

Chegou em casa e afundou na banheira. Porque existe todo um processo de preparação para uma balada pós-chifre, sabe? Bem, espero que não saiba como é isso...
Botou o vestido, colocou uma tonelada de maquiagem na cara, tomou um banho de perfume francês, olhou pro espelho e fez cara de poderosa.

''É hoje. Que eu saio dessa fossa crise pós-chifre. Vou encontrar um cara lindo e rico que vai me valorizar e me fazer feliz. (: ''

(Aham...vai nessa...)

O lugar estava cheio de gente. Gente pra caramba. Dançando, conversando, bebendo, socializando. Fazia tempo que não saia. Mas ela sabia o que fazer. Chegar, quietinha, como quem não quer nada, sentar no banquinho, lá no balcão, pedir um drinque e fazer cara de ''pode vir que vou fazer seu tempo valer a pena''. Foi assim que conseguiu o outro. Vai ser fácil.

Mas não foi fácil. Ninguém chegava, ninguém investia, ninguém se interessava. Ela começou a desanimar. Resolveu tomar mais uma. E outra. Mais umazinha, só pra não ficar sem fazer nada. E outra, só pra fechar.

É, ela tomou muitas. E resolveu se levantar pra ir ao banheiro. Passando no meio da pista de dança, ela avistou ele. Não o ex. Mas ''O Cara''. Ele era lindo. Lindo demais pra ser verdade. O tipo de cara alto, dos olhos castanhos, cabelos negros e perfeitamente e incrivelmente lisos, e com um sorriso...nossa! E olha só, que coisa! Tava desacompanhado, dançando sozinho com um drinque na mão.

Ela, seguindo o ritmo da música, foi dançando na direção dele, que achou o comportamento dela no mínimo, estranho. Parecia mais uma dança do acasalamento. Aparentemente, ela perdeu o jeito no quesito ''conquista''.

Mas, enfim...deixando se levar pela música, os dois foram se aproximando, dançando. Ela usava um salto-agulha e estava sob pleno efeito da bebida: totalmente desequilibrada. Mas isso não a abalava, ela tinha que conquistar aquele cara, senão ia continuar na fossa crise pós-chifre. Ela olhava fundo nos olhos claros do rapaz, que sorria, divertindo-se com toda aquela situação inusitada. Ela dançava ao som da música. Ela dublava e sorria. Ele retribuia.

Ela não viu a pocinha. Alguém tinha acabado de vomitar ali. Nem ele viu aquilo. Ela escorregou. Bateu no garçom, que caiu. Ela caiu também. Ficou por cima de todo aquele vômito e coberta de cacos de vidro dos copos quebrados da bandeja que o garçom segurava. Sem rastro de sangue, pelo menos. Mas foi bem nojento. Ela começou a rir descontroladamente. Ele ria enquanto a ajudava a se levantar.

Ela estava suja, mas estava perto dele. Agora, muito próxima. Tão próxima que podia beijá-lo ali mesmo. Mas ela estava coberta de vômito. Eles ficaram se encarando no meio da pista, sem dizer nada, mas eles sabiam, sentiam aquilo: foram feitos um para o outro.

A bola de espelhos acima deles rangia ao girar. Todos olhavam pra cima, menos eles, encantados um com o outro. A bola de espelhos fez um barulho horrendo e despencou, esmagando o casal. Estavam atrofiados, perfurados por milhares de cacos de espelhos, abraçados.

Ao menos morreram abraçados. E sorrindo.

A morte chega na hora errada de vez em quando.

Jullya vive! (Parte 2)

A morte da menininha do casaquinho branco causou comoção geral na cidade de Vitória de Santo Antão, e nas suas redondezas. Ela era muito querida por todos os habitantes, principalmente pelo vendedor de cachorro-quente. Sem falar nos adoradores de desenho animado. E naquelas pessoas que gostavam de caminhar com Jullya no meio do mato. Eu sei, é um hábito, no mínimo estranho. Vai entender...

Pois bem, como todos sabem, o trem deveria estar parado naquele dia. Então, como explicar o fato de que ele saiu do nada, atropelando menininhas inocentes por aí? A pessoa que dirigia o trem, não foi vista, até porque, TAVA TODO MUNDO CORRENDO COM MUITO MEDO, NÉ?!

Então, o criminoso fugiu e a polícia não se importou com a morte de Jullya. Era só uma menina qualquer. Por isso, nem sequer fizeram questão de investigar as causas da morte trágica de Jullya. Nem mesmo se importaram em saber quem era o dono da vaca.

(Sabia que eles apreenderam a vaca como ''parte'' do caso e fizeram um churrasco altamente suspeito no domingo seguinte? nãoespalha. :x )

Beleza...tava todo mundo muito triste com a partida de Jullya. Dentro de 3 semanas, todo mundo começou a se revoltar com o descaso dos policiais. Foi aí que aconteceu...
O centro da cidade estava repleto de pessoas carregando placas que diziam ''Jullya vive!", ''Ju estará sempre em nossos corações!", ''Selinho: 1 real'',...dentre muitas outras. Todos os habitantes daquela pacata cidadezinha estavam lá. E quando eu digo TODOS, é TODOS mesmo, com exceção, é claro, dos policiais. Pretendiam fazer uma passeata revolucionária em direção à delegacia para pedir providências ao delegado.

No meio do caminho, do nada, e simplesmente, do nada, surgiram MUITAS vacas. E quando eu digo MUITAS, são MUITAS mesmo! Só Deus sabe de onde saiu tanta vaca. --'
Bem, e elas vieram correndo loucamente pra cima das pessoas, atropelando todas elas.

Muitas morreram na hora, outras ficaram gemendo no asfalto quente. Muitas choravam, pediam por socorro, mas QUEM IA SALVAR ELES? Os médicos tavam, ou mortos, ou machucados, as enfermeiras, o mesmo. Os que estavam vivos olhavam horrorizados à sua volta e viam cádaveres de boca aberta com estacas e lascas das placas enfiados pelo corpo, cabeça, olho,... Uma paisagem exótica, digamos assim.

Aquele barulho surgiu. E o chão começou a tremer. Era familiar. Tudo aquilo era familiar. E ele surgiu. O trem. Veio com tudo. À todo vapor. Atropelou a galera. Matou metade dos que estavam vivos. Daí, vieram as vacas. De novo.

''De novo?!'' - Você me pergunta, revoltado leitor. Pois é. De novo.

Foi aí que todo mundo morreu. Uma viatura da polícia chegou logo em seguida. O policial desceu, olhou, fez cara de nojinho e disse:

- Cara, isso tudo por causa daquela menina?! Se a gente soubesse que ia dar nisso, não tinha mandado o Homem Macaco atrás dela. Vamo bora, me ajuda a limpar essa bagunça toda.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

trabalho de filosofia.

"Imagine a seguinte situação:

Você mora no primeiro andar de um prédio e sua mãe encontra-se no terraço, aguando as plantas. No estacionamento do prédio, ela avista a vizinha do 5º andar, descendo do carro do ano, tirando as sacolas daquela loja de griffe nova do shopping. É aquela vizinha, que tem o marido que é ''a cara'' do Tom Cruise. Aquela vizinha que recebe um salário 5 vezes maior que o da sua mãe. Aquela vizinha que sempre viaja pra Europa nas férias. Sem pensar duas vezes, sua mãe pega o maior vaso de flores da beirada do terraço e joga friamente na cabeça da vizinha. Ela morre na hora com os cacos do vaso enfiados na sua cabeça. O sangue misturado com terra acabara de arruinar a chapinha dela, finalmente.

Pois bem, no dia seguinte, a polícia bate à sua porta, e tendo sua mãe como principal suspeita, levam em mãos um mandado de prisão. Sua mãe está em casa, escondida, e implorou pra que você não os deixasse entrar.

O que você faria? Deixaria eles levarem sua mãe ou mentiria para os policiais, mesmo sabendo que ela estava errada?"

Trecho retirado do trabalho de filosofia sobre Boa-Fé.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Argh.

A dor era intensa. Agonizante. Horrenda. Macabra. A dor era inevitável. Não havia como impedi-la: ela vinha todo mês e durava aproximadamente cinco dias.

Engana-se o pobre mortal que pensa que a dor afetava apenas um local. doía nas pernas, na cabeça, nos braços, mas o pico da dor era na barriga. Era latejante, pareciam que as bombas da II Guerra Mundial explodiam dentro dela. Parecia que ela estava parindo o próprio útero, seu filho rejeitado.

Engana-se o pobre mortal que pensa que os remédios resolviam: dorflez, atroveran, feldene, buscopan,...todos em vão. Cházinho também não resolvia. Muito menos uma compressa, fosse ela quente ou fria. Para dormir, a garota só tinha uma solução: agarrar o travesseiro e apertá-lo contra a barriga até cair no sono.

Engana-se o pobre mortal que pensa que algum médico conseguia resolver seu problema. Ela vagava de consultório em consultório, já tinha feito todos os exames possíveis, testado todos os remédios. Não havia nada de errado com ela. Aquilo era uma maldição, um carma, que duraria até seus 40, 50 anos. Mas que infortúnio.

Naquele dia foi demais. Demais para suportar. Ela suava em cima da cama e prendia seus dedos com força no colchão. Não adiantava. Ela gritava, chorava, gemia. Ela virou, agarrou o travesseiro, pressionou contra a barriga e o mordeu com força, abafando seus gritos. Parecia mesmo que ela estava parindo. Mas a dor não a deixava. Ela podia ouvir uma voz maquiavélica sussurando em seu ouvido: "Pode gritar o quanto quiser, isso não irá aliviar seu sofrimento"

Aquilo foi o cúmulo. Ela precisava tomar medidas mais drásticas. Se levantou, cambaleando e foi em direção à cozinha. Abriu a gaveta e puxou o facão que sua mãe usava pra tratar a galinha.

Ela levantou a faca na altura dos olhos. Ela a fitava com um olhar doentio. Cintilava e isso a tornava tão bonita. E também perigosa. Ela virou a ponta da faca pra baixo sorrindo:

- Agora eu venci, SEU ÚTERO FRACASSADO!

E enfiou a faca na barriga. Caiu no chão e começou a sangrar. No seu rosto, um sorriso: finalmente um momento de alívio.

Dedicado à Clara e Dai.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Hemograma completo.

Ela queria fugir, correr de algum modo, mas ela não conseguia. Aquele lugar lhe deixava tonta, fazendo sua cabeça girar. Suas mãos pálidas suavam frio. Que péssima idéia, não devia ter ido até ali. Não devia ter escutado sua médica.

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- Bem, é isso, só posso saber qual é o seu problema com um hemograma completo.

- Um o quê?

- Hemograma.

- Desculpa, doutora. Não sei o que é isso.

- Exame de sangue. ¬¬

- Ah, claro. Não! Eu não posso fazer um exame de sangue!

- Por quê?

- Eu tenho pavor de agulhas. Eu caí dentro do cesto de costura da minha mãe, quando era pequena. É um trauma, sabe? Foi difícil de tirar.

- É, eu imagino. Mas não tem outro jeito. Só vou conseguir identificar a sua doença com um exame de sangue.

- Não tem outro jeito?

- Não. ¬¬

- Ai, nossa...

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Realmente, não devia ter escutado ela. O pânico se instalava por todo seu corpo. Ela estava completamente travada em cima da cadeira. E o cheiro de café piorava a situação. Como aquelas pessoas podiam agir tão naturalmente antes de enfiar uma agulha no braço e arrancar fora parte de seu sangue?

- Valéria Cabral?

- Aqui.

- Me acompanhe por favor?

- (Ai, caramba, é agora, nossa, ai, ai, ...)

Ela se sentou, tremendo. A mulher pediu que ela colocasse o braço no apoio. A mulher era praticamente uma menina, provavelmente não fazia muito tempo que tinha terminado sua graduação. Ela pegou o elástico e amarrou em seu braço. Era um elástico vermelho. Vermelho. Ela passou o algodão embebido em álcool no seu braço. Nossa, que cheiro. Ela deu uns petelecos no seu braço. Caramba, ela não conseguia olhar. Ela ia desmaiar, tinha certeza. A mulher observa o braço.

- Não consigo. Não tô achando. Abre e fecha a mão com força.

Ela abria e fechava, abria e fechava.

- Nada, não consigo, mas eu vou tentar.

- Hãn?

Era tarde demais. Ela já tinha enfiado a agulha sem nem saber onde a veia se encontrava. Dor. Muita dor.

- Calma, eu vou achar, não se preocupe.

Então ela tomou a péssima decisão de olhar pro braço. A menina girava a agulha no seu braço, prendendo a língua entre os dentes, como se aquilo fosse uma tarefa muito difícil de cumprir.

- Deve tá por aqui. Não, não. Mais pro lado. Aqui, eu acho. Nossa, que difícil.

- Mas que diabos você está fazendo, sua doente?!

- Tentando achar sua veia, oras.

- Pára com isso! Tá doendo!!

- Tá bom, tentarei no outro braço.

- Não, você não vai tentar em lugar nenhum!

- Calma, senhora o outro deve ser menos complicado.

- Saia de perto de mim, sua louca! INCOMPETENTE!

- Você me chamou de quê?!

- Incompetente, SIM!

- Ah, agora você vai ver, sua vaca!

Ela pegou a agulha, enfiou no olho da paciente. Ela se debatia. A agulha mexia
conforme o movimento do olho. A mulher abriu a gaveta e pegou mais agulhas. Saiu enfiando em várias partes do corpo de Valéria, que gritava e gritava e gritava. A recém-formada se divertia, ria de uma forma maléfica. As pessoas não escutaram os gritos. Um carro de bolas de sorvete passava na hora. A mulher fugiu.

A secretária encontrou o corpo e chamou sua amiga. Ela olhou e perguntou:

- Desde quando aqui tem acupuntura?

terça-feira, 23 de março de 2010

jullya vive! (parte 1).

Uma menina tão pura que nem parece nascida nesse lugar.

Assim todos descreviam Jullya, uma alegre menina que vivia seus dias na cidade de Vitória de Santo Antão. Ela tinha muitos amigos e gostava de brincar com eles no jardim da sua casa. Ela gostava de comer cachorro-quente. Gostava de usar um casaquinho branco. Gostava de desenhos animados. Era uma menina muito doce. Praticamente uma Sinhá Moça.

Mas ela tinha medo. Um medo que a fazia se esconder debaixo da mesa, cama, cadeira, ou qualquer outro móvel que pudesse proteger sua cabeça. Tinha pesadelos horrendos durante a noite e chorava, chorava, chorava. Ela tinha medo do Homem Macaco. O Homem Macaco apavorava a menininha desde que ela tinha ouvido sua tia avó contar a lenda do Homem Macaco que corria atrás das pessoas puras e inocentes.

Aconteceu naquele dia. Naquele lindo. Até que...

Jullya caminhava saltitando pelas ruas de sua pacata cidadezinha. Usava um casaquinho branco e carregava um cachorro-quente. Cachorro-quente que estava irritando-a pelo fato de que sempre que ela o mordia, caíam pedaços de carne moída e tomate no seu casaquinho. Oh céus, ela teria que usar Vanish quando chegasse em casa.

Ela estava parada, na calçada, tentando limpar o estrago feito pelo cachorro quente. Quando ela olhou pra trás, deu de cara com ele. Ele. O Homem Macaco. Correndo atrás dela. Ela avistou aquela criatura desprezível e repugnante e começou a gritar e a correr.

Ela gritava: LÁ VEM O HOMEM MACACO CORRENDO ATRÁS DE MIM!

Seu coração batia cada vez mais forte. Bem, se o Homem Macaco não a matasse, ela morreria de taquicardia. Pobrezinha.

Ela gritava: O HOMEM MACACO QUE NÃO TEM ALMA E NEM CORAÇÃO!

As pessoas observavam a cena sem entender o que se passava.

Mas então, surgiu um carro. Que atropelou o Homem Macaco. Ela tropeçou, caiu e olhou pra trás. Rá, tinha se livrado dele. Finalmente. Ela não percebeu, mas tinha caído em cima dos trilhos do trem. Ah, mas isso era irrelevante, afinal, o trem estava parado havia anos.

Do nada, e simplesmente, do nada, apareceu uma vaca. Foi pra cima de Jullya e pisou no seu peito. Acertou seu pulmão. Ficou sem respirar. Todos começaram a correr loucamente. Todos gritavam. Até a vaca saiu correndo.

Era o trem. Ele voltou. Jullya não sabia disso. Ela mal conseguia respirar, como iria se levantar? Ela só conseguiu ouvir aquele ruído que a fazia agonizar. Agonizar. O trem acertou ela em cheio. Já era Jullya.

Não dava pra saber mais o que era cachorro-quente e o que era Jullya.

domingo, 21 de março de 2010

bem-casado.

Tudo começou naquela festa. O brigadeiro olhou através daquela multidão de surpresas-de-uva, empadas, coxinhas e salgadinhos. A visão do seu lado esquerdo não era muito agradável. Dois beijinhos se encontraram, e bem, você imagina o desfecho desse encontro. Foi então que ele a viu. Bela, reluzente, morena cor-de-cal, feita de leite condensado com açúcar grudado em volta do seu corpo: era o doce mais branquinho e mais lindo que já tinha visto em toda sua vida. A doce. O doce. Enfim, você entendeu, o feminino de doce.

Na manhã do dia seguinte, eles oficializaram a sua união. O doce fêmea, cansada de saber que todo brigadeiro era igual, decidiu se casar com o primeiro que aparecesse, pra sorte do nosso protagonista, que teve que extrair todo o granulado de si e rolar no açúcar, por exigência do doce fêmea.

Juntos, entraram no Tupperware como brigadeiro e doce de leite condensado. Saíram de lá como bem-casado.

Foram os dias mais maravilhosos daquele novo bem-casado. Até que começaram as divergências conjugais.

O brigadeiro sempre foi um doce caseiro, gostava de ficar em casa e aturava no máximo, festas com poucas pessoas, só pra familiares e amigos. O doce fêmea, sempre muito "saidinha", curtia festas grandes e não aguentava mais ser regulada pelo brigadeiro, sempre muito controlador e autoritário.

Ela planejava uma separação. Uma separação trágica. Não que ela não tenha tentado se separar de maneira civilizada, de acordo com as leis, seguindo as instruções de um advogado. O brigadeiro não deixou.

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- Querido, eu não aguento mais, eu tenho que viver a minha vida.

- NÃO, VOCÊ NÃO VAI ME DEIXAR! FOMOS FEITOS UM PARA O OUTRO! SOMOS UM BEM-CASADO!

- Mas por que você não aceita? Eu vi aquela atriz bonitona, a Helena da novela: ela queria sair de casa e deixar o tal do Marcos Garanhão. Por que você não me deixa tentar viver sozinha? Entenda isso: somos melhores separados do que mal-casados!!

- NÃO! EU NÃO QUERO! EU NÃO ACEITO! EU NÃO VOU DEIXAR VOCÊ IR EMBORA!

- Então você não me deixa outra opção!

- O que você vai fazer?!

O doce de leite condensado rastejou com muito esforço até a beira da mesa, deixando o brigadeiro prestes a cair do precipício. Haha, ela sabia que o cachorro viria logo. Haha, pobrezinho.

- Amor, não faz isso não! Vamo conversar!

- Adeus, querido!! - Ela ria de forma maquiavélica.

O pastor alemão veio correndo. A baba escorrendo, pingando no chão. Ele se lambuzava com a visão. Um bem-casado. Em cima da mesa. Tão fácil. Ninguém perceberia. Era só morder e pronto. Ele abriu a boca. Mordeu.

Já era o brigadeiro.

Mas o plano deu errado.

Já era o doce fêmea.

O plano deu muito errado.

Já era o bem-casado.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Repente


No alto das montanhas ele pensa e sente, ignora o frio, mesmo estando debaixo de mil mantas em xadrez, ele olha seu café, observa a fumaça passear pela neve sobre o asfalto, se encanta pela forma como só ela consegue vagar tranquilamente naquele lugar tão infernal, tão perto do céu, tão dentro de si.
Estar ali no alto, entre a imensidão branca, é o mesmo que estar perdido em si mesmo, ele pode ouvir o som das flautas, ele pode tocar flautas, mas o som nunca chegará compleatemente a si, passará pelos seus ouvidos sem que ele ouça realmente, a melodia é triste e acolhedora, como um lamento conformado, ela traz rugas e se propõe a esquentar novamente o café, ralha com ele e dá sábios conselhos, fala sobre as verdades da vida e diz que aquilo já deveria ter chegado ao fim, é hora do viajante descer das montanhas e encarar a realidade externa, na qual ele se sente tão perdido.
Não, não... terríveis expectativas o aguardariam lá, pessoas são como neve, elas estão em torno de vocẽ, e ao mesmo tempo parecem estar tão envoltas nelas mesmas que nem sequer ali estão, são sem estar, não são. Pessoas vagam indiferentes ao cenário, ao clima, ao som, tê-las ou não tê-las não faria qualquer diferença naquele vazio, a solidão do viajante é como uma doença sem cura que vai se aprofundando com o tempo e com o frio, ele deseja estar junto mas parece-lhe errado, multidões de neve jamais dariam a ele a companhia necessária.
Naquele caderno estavam frases tão soltas, tão desconexas, as orações mais sinceras.
De repente ele percebeu que aquilo tudo não faria diferença nenhuma. Arrancou todas as páginas, uma a uma, até as que estavam em branco, pois seus pensamentos posteriores eram tão indiferentes a si quanto os anteriores.
Só sobrou uma capa dura de couro.
Ele a depositou na neve e com um ultimo espirro levantou dali para nunca mais voltar.
À 4:56 da manhã do dia seguinte um grupo de pescadores se deparou com a estranha cena: um corpo envolto em sangue e folhas de caderno.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Um disco de 1972

Ela poderia passar uma eternidade só vendo o movimento dos seus cachos escuros, pequenas molas que teimavam em não achar posição certa, pulavam para todos os lados, em movimentos curtos, assim como o seu comprimento, embora que fossem bem cheias e parecessem maiores por isso.
Ela amava passar horas sentindo o cheiro de baunilha daqueles cachos, bagunça-los ainda mais do que já eram, observar todos os contornos e variações que eram possíveis ali.
Por isso era assim que passavam as tardes, sentados na varanda da casa dele, ouvindo um blues de fundo, enquanto ela se sentava sobre as almofadas, sua saia comprida se espalhava pelo chão e a sua sandália rasteira marrom formava uma bela imagem repousada ao lado dos livros e discos amotoados sobre o chão de madeira da sala. Ele deitava a cabeça no colo dela, o que fazia seus cachos se misturarem com a chita da saia, enquanto dois olhos brilhavam em comunhão com sorrisos frequentes e bocas que não paravam de se mover, conversavam sempre, sobre qualquer coisa, tudo parecia digno de horas de diálogo só para que os dois pudessem exercer tal necessidade juntos.
Ele com seus olhos castanhos e camisa xadrez ficava sempre encatado com tudo o que havia nela, seus movimentos, sua forma de andar, seus gestos enquanto falava, o jeito como ela sentia uma música por inteiro, como se o som estivesse preenchendo a sua alma completamente, seus assuntos, seus argumentos niilistas, seus livros preferidos, suas citações, enfim... era um encanto só, ele a contemplava sempre como quem a vê pela primeira vez.
Ela não conseguia imaginar como pudera viver de outra forma antes dele, amava todas as confusões que haviam em sua cabeça, todas as questões que ninguém jamais imaginaria propor, seu modo de falar da vida como um mal particularmente desnecessário, as vezes, diversas vezes, em que ele sentava ao seu lado com o violão, e começava a cantar baixinho em seu ouvido "eu não neeego, eu me entrego, você é meu graaande amooor, e 'agora' eu vou dizer: eu te amo", ela se sentia meio boba por ser assim, tão sucetível ao amor, mas gostava disso, por que lhe proporcionava uma felicidade sem igual e uma sensação de estar completa.
Ele olhou para aquela confusão de discos espalhados com uma expressão confusa, tinha certeza absoluta: havia separado o vinil amarelado "Construção", deixara o disco já na vitrola, só esperando ser tocado pela agulha...
É, de fato o vinil fora separado, e por ele mesmo, durante seu breve cochilo na aula de teoria da alguma coisa, que aula era aquela mesmo?
Bom, agora só que restava era bagunça, bagunça e amotoado, não que isso fosse algo realmente importante.
Ela levantou e foi ajudá-lo, os dois se confundiram com os vários quadros, tratados dessa forma pois costumavam pensar em capas de vinis como quadros. Foram risos, caretas, imitações baratas do que havia nos quadros, enfim, desistiram, a agulha tocou os aneis de um disco do Lô Borges, cuja capa não dava para imitar pois se tratava de um par de tênis mum fundo azul, meio cinza.
"Você fica bem melhor assim
Até o fim da semana que entra"
Ele a puxou delicadamente pela cintura num abraço, ela enterrou o rosto em sua camisa xadrez, brincando com os cachos que caiam brevemente sobre a nuca.
Então, ele começou a se movimentar em passos frequentes de um lado para o outro, ela achou hilário, pois os dois eram seres completamente desajeitados e sem senso de equilíbrio, mas sentiu vontade de continuar ainda assim, era bom ficar ali com ele, melhor que qualquer outra coisa que ela pudesse lembrar naquele momento.
Os dois dançavam ao som da guitarra sutil de Lô Borges, não sentiram necessidade de falar, os dois estavam em sintonia perfeita, não era possível haver troca naquele momento.
E como já era de se esperar, ele deixou cair um livro da escrivaninha e logo depois tropeçou nele, numa sequência que quase os levou a cair em cima da mesa de vidro... quase.
Quando conseguiu desviar, ele acabou pisando na capa do disco que estavam ouvindo, a capa acabou escorregando para a varanda e os dois se desequilibraram no batente.
Ela estava achando tudo muito engraçado, toda a cena desastrada dele, e sua determinação em dançar, então não se opôs quando ele a puxou novamente para si, sinalizando que a dança estava apenas começando.
Porém, ao puxá-la, ele estava empolgado, e assim nessa empolgação, acabou usando força demais.
Ela que se deixou levar como pena, atravessou violentamente o vidro da janela, estrilhaçando-o em mil pedaços banhados de sangue.
Do oitavo andar se via um corpo deformado no cimento.
Ele agora estava só.

Aline


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Ps.: Não esqueça de olhar para trás enquanto faz isso.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

É sexta-feira 13, galera.

Na famosa franquia cinematográfica de horror dos anos 1980, a sexta-feira 13 é o pior dia.



É quando acontecem as mortes, as vinganças de Jason Voorhees -que morreu afogado num lago quando menino- ou de sua mãe. Mas não só os frequentadores da colônia de Crystal Lake têm medo do dia. Na vida real, há quem não saia de casa, quem deixe de trabalhar ou mesmo quem desenvolva uma fobia ao número. Em 2009, aliás, três sextas-feiras caem no dia 13.



A idéia de que a sexta-feira 13 dá azar mistura duas superstições: a do número 13 e a da sexta-feira. Para os católicos, 13 eram os apóstolos da Última Ceia -e o 13º era Judas, que, de acordo com o Evangelho, traiu Jesus. Sexta-feira foi o dia da crucificação de Cristo, e há teólogos que afirmam que o Dilúvio começou numa sexta-feira.



A partir daí, muitos fiéis começaram a cancelar planos de viagem ou projetos no penúltimo dia da semana. Marinheiros também temiam viajar na sexta.



Segundo uma reportagem da revista "National Geographic" sobre o tema, na Roma antiga, as bruxas se juntavam em grupos de 12 -pois o décimo-terceiro era o demônio.

www.g1.com.br


Vocês acreditam nela?

Chupa-cabra.

Naquela região, interior do estado, as pessoas cresciam ouvindo histórias do chupa-cabra. Uma vez ou outra, ocorriam relatos de casos ocorridos em áreas próximas à mata. Então o boato se espalhava pela cidade inteira, até que, 2 ou 3 meses depois, quando ninguém mais lembrava ou comentava sobre o caso, o chupa-cabra atacava novamente.

Ivanha sempre morou na capital e nunca acreditava nas histórias que lhe contavam. Desde criança, nunca acreditou em Papai Noel, Coelhinho da Páscoa,... Ela sempre encontrava os presentes e ovos de páscoa escondidos no quarto dos pais.

Depois que se mudou para a cidade de Carnaíba, no sertão, ela começou a se perturbar com as histórias de chupa-cabra que chegavam aos seus ouvidos. Se mudou para lá porque, quando adolescente, prometera pros seus pais que cuidaria deles até a morte em sua cidade de origem. Que destino.

Era irritante ver como aquele povo se iludia com aquilo. É óbvio que o chupa-cabra não existe. Não há provas científicas suficientes.

Certo dia, Ivanha saiu com seus pais idosos para a casa de Rouziane que é filha de Margareth que é cunhada de Roberval que é primo de terceiro grau de Willyton que é irmão de Vesúvia que é casada com Heleno que é sogro de Hayane que é prima de quarto grau por parte de mãe de Ivanha.

Lá, eles almoçaram numa tranqüila reunião de família com comidas típicas da região. Os tópicos da conversa iam desde ao casamento de Lucinda até a morte misteriosa do vizinho. Obviamente, tocaram no assunto “chupa-cabra”.

Comentaram o quanto a morte foi estranha: o corpo do vizinho foi encontrado em estado de decomposição no meio das suas plantações, com marcas de mordidas e arranhões. Ninguém sentiu falta dele durante 6 meses. Ele morava sozinho e ninguém fazia amizade com ele por causa de sua fama de velho rabugento.

O dia foi longo e seus pais precisavam dormir. Como eles tinham prometido que dormiriam lá, assim aconteceu. Às 18h seus pais já tinham caído duros na cama. Não, calma, eles não morreram. Ainda.

Ela conversou um pouco mais com seus familiares e foi se deitar. O dia foi bastante cansativo e ela precisava dormir. No meio da noite, por volta das 2h da manhã, ela acordou com um grito agudo. Se levantou, de pijama, caminhou até a sala e viu a porta aberta. Foi para o terraço onde observou todo aquele mato com uma estrada de barro passando no meio, paralela à casa.

Um grito semelhante ao primeiro surgiu, pairando no ar, só que dessa vez, mas longo e mais agudo. Vinha da plantação que ficava atrás da casa. Ela caminhou até entrar no meio do matagal, procurando encontrar o tal alguém que tanto gritava.

Até que ela tropeçou em alguma coisa. Ok, era uma pessoa. A provável dona dos gritos. Era Lucinda, com o rosto desfigurado, marcas de unhas grandes e pontiagudas em seu rosto. O sangue escorrendo por todo o seu corpo, ultrapassando os rasgos na roupa feitos pelas unhas. Seu rosto expressava uma dor insuportável.

Ivanha se desesperou. Pensou em gritar, mas se gritasse, a criatura que tinha feito aquilo voltaria para aniquilá-la também, considerando que não estaria muito longe do local. Ela correu, afastando as folhas com os braços, que se cortavam com facilidade. Mas ela havia entrado muito na escuridão, já não sabia onde era o começo ou o fim do matagal. Ela parou por um instante, respirou e olhou pra trás. O mato se mexia fervorosamente. Ela entrou em pânico e continuou a correr. Não olhou pra trás, mas sentia que a criatura se aproximava.

Ouviu os passos. Sentiu as unhas se cravando em suas costas. Sentiu a queda junto ao chão barrento. As mordidas em seus braços imobilizados. Os puxões que arrancavam tufos do seu cabelo. E uma coisa pontiaguda penetrando a sua garganta.

Chupa-cabra não existe, né?

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

10 coisas para fazer antes de morrer

1 - Pegar a melhor amiga da irmã/o melhor amigo do irmão
2 - Assaltar um banco
3 - Botar fogo no colégio/faculdade
4 - Largar os estudos
5 - Matar o presidente
6 - Estabelecer uma ditadura
7 - Matar a galera do morro
8 - Torturar os cafetões e pegar as prostitutas
9 - Soltar uma bomba atômica nos EUA
10 - O último fica a seu critério

São só sugestões, ninguém precisa fazer isso ;)

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Amizade.

Marcela e Cristina eram grande amigas. Mas brigavam constantemente. Brigavam por tudo, mas os meninos eram o maior motivo de sua discórdia. Sempre que aparecia um menino bonito, rico e fofo, elas discutiam e bolavam planos diabólicos até que o menino se assustasse e saisse correndo - literalmente.

Era assim desde o jardim-de-infância: quando marcela arrumava um namorado, Cristina furava o olho dela; quando Cristina arrumava um namorado, Marcela furava o olho dela. Mas ao fim de toda confusão, elas se acertavam e riam das idiotices feitas - que muitas vezes paravam no hospital.

E então surgiu um novato na turma delas. Era o menino mais fofo que já tinham visto: alto, peso razoável, cabelo liso castanho-dourado, da mesma cor do olhos. Era dono de um sorriso encantador.

Elas o acompanhavam com o olhar até que ele se sentou numa cadeira entre as duas. O encanto se foi até que uma encontrou o olhar da outra. Ele olhou para as duas com um sorriso no rosto, mas não foi o suficiente para quebrar os olhares gelados. Então ele se conteve e deduziu que era melhor não interferir e ficar longe delas.

Passados alguns meses, entre braços quebrados e dentes arrancados - elas adoravam um barraco na saída da escola - elas resolveram fazer um "teste de eficiência": quem ganhasse ficava com o menino. Ele fazia o máximo possível para agradar as duas e tentar segurar as brigas. Não era suficiente. Por causa de uma dessas tentativas ele quase foi atropelado.

O teste foi pensado pelas duas:

- Cristina, eu tive uma idéia perfeita pro teste.

- Diz.

- A gente corre pelo corredor do colégio em direção a escada, descemos e quem chegar primeiro e passar a mão na bunda dele, ganha.

- Tem que ser na bunda? Isso vai assustar ele.

- Como se ele já não estivesse assustado. Tudo bem, pode ser na mão.

- Marcela, tem certeza que é a melhor forma de fazer isso?

- Claro.

Mas Marcela tinha segundas intenções com aquele teste. Cristina nunca foi dotada de muita capacidade mental e depois que fez alguns tratamentos capilares e aplicou tintas no cabelo, ficou pior. Muitos defendem a idéia de que a tinta entrou pelo couro cabeludo e queimou os neurônios.

O dia do teste chegou. Os alunos seguravam cartazes e gritavam pelas meninas. O caminho era simples, correr e descer a escada. O menino não conseguiu deixar de recusar o convite, era isso ou as duas se matavam. E ele não duvidava da ameaça.

Se posicionaram e a ruiva da sala ao lado apitou. Começaram a correr e estavam empatadas. Passando pela turma do 1º ano B, Cristina acelera e lidera a corrida. Perto da escada, Marcela se aproxima e Cristina corre mais. Marcela ultrapassa e Cristina fica pra trás. Na hora de descer o primeiro degrau, Marcela pára e estica a perna. Cristina tropeça e cai de cabeça escada abaixo. Rola, rola, rola até parar no pés do menino fofo. Sua cabeça sangrava com um corte profundo. Quebrou o pescoço também e todos olhavam para a menina morta que morreu por causa do seu amor. Ou por causa de um objeto de desejo. Ninguém sabia ao certo. Marcela desce as escadas lentamente. Se abaixa e fala no ouvido do cádaver:

- Desculpe, querida, não foi nada pessoal.

O menino olha assustado para Marcela. Ela o encara e pensa.

Finalmente essa fracassada saiu do meu caminho. Agora ele é todo meu. Só meu.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Atraso.

Pobre homem. Tinha que correr. Muito.

Tinha sido assaltado, não restara nada na carteira. Documentos, dinheiro, carro, relógio e celular se foram.

O dia começara ótimo. Acordou com 1h de atraso, não tomou banho, não escovou os dentes, só trocou de roupa e lavou o rosto. Desceu as escadas correndo até que uma senhora idosa cruzou o seu caminho. Ela começou a gritar. Ele não sabia o motivo. Aí ele percebeu que ela olhava para suas pernas. Ele estava de samba-canção. Droga, esqueceu a calça. Subiu e pôs uma calça. Quase que esquecia o cinto.

Entrou no seu Corolla preto e saiu correndo pela rua quase deserta. Parou no sinal e um homem surgiu com uma arma encostada no vidro. Levou tudo e deixou o homem no meio da rua. Ele tinha que chegar no trabalho. Tinha uma reunião importante que decidiria se ele merecia uma promoção. Tinha que chegar a tempo.

Agora ele corria. Desesperadamente. Não tinha noção de hora, mas a posição indicava que seriam prováveis 10:35h. Ele já estava atrasado, muito atrasado. Então ele decidiu que não esperaria o sinal fechar e tentou atravessar a Avenida Beira Rio correndo. Idiota. Fracassado. Imbecil.

Conseguiu desviar de um carro e duas motos. Mas então, um Ecosport vermelho pegou ele em cheio. Seu corpo deu piruetas no ar e quando todos achavam que ele terminaria seu vôo acima do carro, veio um Rio Doce CDU em alta velocidade. O impacto com o vidro foi forte. Mas não forte o suficiente para quebrá-lo. Os passageiros não entendiam o que se passava e por que parecia que uma ave de tamanho tão desproporcional esbarrasse no vidro. Uma ave extremamente desfigurada. Mas não era uma ave. O motorista tinha que tirar o corpo dali ou bateria o ônibus condenando a vida de todos. Ligou o limpador de pára-brisas para soltar o cádaver preso e esparramado no vidro dianteiro do ônibus.

O corpo se soltou. Mas de um modo estranho, não foi encontrado. Apenas algumas horas depois do expediente, descobriram que o corpo se prendera nas ferragens do ônibus.

Bem, pode-se dizer que aquilo não era mais um corpo.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O desconhecido.

Era uma mistura de odores e sensações. Tudo que conseguia ver era uma névoa que atrapalhava sua visão. Um homem desconhecido surge, veste um sobre-tudo branco, sapatos brancos, luvas brancas, um chapéu de cowboy branco e uma máscara igual ao do Jason. Ele a seguia em passos lentos. Mesmo correndo, parecia que a qualquer momento ele a alcançaria. Ele era com certeza muito perigoso.

Acordou com o rosto molhado, arfando. Se dirigiu ao banheiro, lavou o rosto e se olhou no espelho. Sua expressão estava distorcida, cansada. Não conseguiu mais dormir.

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O dia fora bastante cansativo. Voltava pra casa por volta das 19:26 depois de pegar dois ônibus, um metrô e um moto-táxi. Quem mandou morar em fim de mundo? O interior era pacato, mas chegar até lá era uma verdadeira batalha de resistência. Fazia aquele mesmo trajeto todo dia, de duas a três vezes. A idade ia avançando e suas pernas já não aguentavam tanto esforço.

Caminhava pela estrada de barro mal iluminada. Eram 3 quilômetros até a sua casa. Os moto-taxitas não se arriscavam, paravam em um ponto e ela seguia sozinha dali. Raramente aparecia uma carona ou outra. Já tinha se acostumado com a escuridão e com o medo que tomava o seu peito, enchendo-a de angústia.

Mas essa noite era diferente. A rua parecia mais escura, sombria, assustadora. Ela tinha uma sensação estranha, macabra, uma intuição de que algo ruim está prestes acontecer.

Então, um carro negro surge pelas suas costas, levantando poeira e cegando-a por uns instantes. O carro pára mais a frente, um sujeito desce e fecha a porta. O carro volta de ré, retornando ao seu ponto de origem. A areia invade seus globos oculares, ela pisca numa tentativa inútil de voltar a enxergar.

Depois de um tempo, não vendo claramente o que se encontra a sua volta, ela o vê parado ali, a poucos metros.

Era ele, ela sabia, com certeza era ele, sem sombra de dúvida. Um homem que veste um sobre-tudo branco, sapatos brancos. , luvas brancas, um chapéu de cowboy branco e uma máscara igual ao do Jason. Igual ao estranho que aparecia em seu sonho e a atormentava todas as noites. A névoa não deixava enxergá-lo com total clareza, mas era ele. Mas havia algo de diferente nele. Ele tinha uma faca atravessada em sua cabeça, uma faca que entrava pela sua têmpora direita e não saía pela esquerda.

Começou a caminhar lentamente em sua direção. Ela tinha que correr, mas suas pernas a prendiam ao chão diante da visão aterrorizante que ela tinha. Ele pegou no cabo da faca que o atravessava e a puxou vagarosamente. Não era uma faca. Aquilo era grande demais para ser uma faca. Era uma espada de mais de 1 metro de comprimento. Como era possível aquilo?

Ele continuava sua caminhada e ela conseguiu correr. Corria pra salvar sua própria vida. Um homem estranho de máscara com uma espada na mão não deveria ter boas intenções. Seus pulmões se enchiam de terra, ela tossia e corria, tossia e corria, desesperadamente. Era inútil, suas pernas estavam exaustas e trêmulas. Ele iria alcançá-la em pouco tempo, era óbvio.

Mas aí veio pedra. A pedra que ela não vira por causa do desespero e medo. A pedra que a fez tropeçar. A pedra que a fez cair. A pedra que a derrubou no chão. A pedra que a fez quebrar o nariz. A pedra que a fez cuspir sangue.

Ela, deitada no chão, virou-se para encarar seu provável assassino. Ele a observava de forma estranha. Olhava com olhos ternos por trás da máscara. Olhava como uma mãe olha seu filho ao nascer. Ele estendeu a mão para que ela se levantasse. Ela aceitou a ajuda e conseguiu se reerguer. Não antes do homem dar-lhe uma rasteira e derrubar-lhe novamente no chão. Ela caiu com os olhos esbugalhados que expressavam todo o seu medo e sua vontade de acabar logo com aquilo.

Ele deu uma grossa gargalhada aterrorizante e enfiou a espada no meio da sua molhada testa de suor.

* Essa história é origem de um trauma de infância da autora + a imaginação fértil de uma leitora.

sábado, 7 de novembro de 2009

Cena de filme - Premonição 3




É um pouco longo, mas vale a pena.



Desculpem, não achei legendado :/

funny death (: - parte 2




sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Cena de filme - Navio Fantasma




Navio Fantasma - estãos todos felizes, dançando e de repente... assistam pra ver o que vem a seguir. A cena acima foi sugerida por uma leitora.

Fairy tale.

Once upon a time, in a land far away, a beautiful, independent, self-confident princess met a frog as she sat contemplating ecological issues on the shores of an unpolluted lake in a verdant plain near her castle.

The frog hopped into the Princess' lap and said: "Elegant Lady, I was once a handsome Prince, until an evil witch cast a spell upon me."

"One kiss from you, however, and I will turn back into the handsome, young Prince that I am and then, my sweet, we can marry and set up a home in my castle with my mother, where you can prepare my meals, clean my clothes, take care of my children, and forever feel grateful and happy doing so."

That night, eating dessert after fried frog legs seasoned in a white wine and onion cream sauce, she laughed to herself and thought:

I don't think so.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Massacration - Evil Papagali



E para os deficientes em inglês, a tradução:


Eu conheci um pássaro
Que veio do inferno
Ele é um pouco verde
Ele está muito bem

Ele gosta de brincar
Ele gosta do leite
Ele gosta de lutar
Ele gosta de matar

Eu conheci um pássaro
Que veio do inferno
Ele é pouco verde
Ele está muito bem

Ele não pode voar
E ele está revoltado
Ele não gosta de mim
Então ele disse O quê?

(Refrão)

Lôro
Lôro quer biscoito!

Papagaio do mal
Ele quer matar
Ele me mandou
Para puta que pariu

Papagaio do mal
Ele é animal
Ele tem o poder
Do heavy metal

Ele tem o poder
Da "furation"
Você sente a dor
É a "bication"

Ele é o mestre do inferno
E nós somos Massacration
Ele quer falar
Para toda a nação


(Refrão)

Currupaco sinta o fogo
Currupaco sinta
Currupaco mate com poder
Currupaco mate

Traição (?)

Sexta-feira - 17:17

Era inacreditável. Todos esse anos namorando com ele e agora isso. 8 anos jogados fora. Ela segurava o celular com força. Suas mão tremiam mais que máquina de lavar quebrada. O ódio era visível em seus olhos. As mensagens, que eram muitas, as ligações incontáveis. Mas que homem audacioso. 8 anos escondendo a outra. 8 anos passando as tardes com ela e as noites com a outra. Não havia dúvidas, a prova estava ali, nas suas mãos.

Rá, mas ela teria sua vingança. Ela teria sim

Sexta-feira - 21:50

- Isso são horas de chegar?

- Amor, eu disse que ia me atrassar. Nem pude ligar. E parece que eu esqueci meu celular aqui.

Notava como ela segurava o telefone de uma maneira estranha, como se segurasse uma granada, prestes a puxar o pino.

- Ele descarregou?

- Sim, mas a bateria durou tempo suficiente pra que eu descobrisse toda a sua farsa.

- Que farsa?

- A outra.

- Que outra?

- Carlos Eduardo, pare com isso. Você deixe de ser cara-de-pau comigo, ou eu quebro a tua cara!

- Mas o que foi que eu fiz?

- As mensagens, as ligações,... Como pôde fazer isso comigo, Carlos Eduardo?! Oito anos da minha vida desperdiçados com as suas mentiras!

- Amor, me deixa explicar! Você não tá entendendo.

- Não me chame de amor. Quem é a bruaca?

- Er...

- Não, espere! Não quero saber, já sei o nome dela, não precisa me contar todas as suas aventuras amorosas com ela...

- Mas...

- Mas nada, Carlos Eduardo, não quero saber!

Carlos Eduardo se aproxima de Juliana, que chora descontroladamente. Ele pega-a nos braços.

- Afaste-se de mim, seu canalha!

- Mas...

- AFASTE-SE DE MIM AGORA!

Ela puxou um canivete da gaveta da mobília velha que fedia a xixi de gato. Ela soluçava, suas mãos agitadas seguravam o canivete com força, como se pudesse partir este ao meio.

- Por favor, me deixa explicar!

- Não, se você der mais um passo eu juro que eu...

- Vai fazer o quê?

- Eu faço isso!

E enfiou o canivete no peito de Carlos Eduardo.

Domingo - 15:00

A chuva cai e molha as criaturas que seguem pelo cemitério vestidas de preto. Juliana fora inocentada por estar com TPM. Mesmo tendo matado seu amor, foi ao enterro. Todos olhavam-na com ódio, desprezo, nojo. Ela esquecera que o nome da sua sogra era o mesmo da suposta amante de Carlos Eduardo. E que ele prometera que ligaria para a mãe sempre depois que se mudasse. E prometera que a veria sempre que possível, todas as noites. Sua mãe não perdera o costume de chamá-lo de "bebê", "querido", "amorzinho",... Ela também gostava de fazer surpresas para seu filho em suas visitas.

Juliana sofria com seu remorso desde que descobrira que matara seu namorado por engano.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Parquinho - Fiddy

Uma menininha fascinada
Por bolinhas de sabão
Tão pequenininha imaginava
Que o papai olhava
Enquanto ia comprar o seu balão

Ela não sabia que no parque
Não podia ficar só
O vendedor de pirulito
Um sujeito esquisito
Não tem dó

Ô menininhá,
Tão bonitinha do cabelo esquisito
Ficou sozinhá,
Então agora vai chupar meu pirulito

O piruliteiro levou ela pro banheiro, sem pudor
A criancinha se esguelava o tempo inteiro, um berreiro
que horror
E o pai dela logo entrou em desespero quando a viu no
lá no banheiro
Que tamanha danação
A menina devorando o cidadão, arrancando os pedaços e curtindo de montão

Eggs.





Meu querido Pitbull.

A mudança já estava quase pronta. Jennyfer atingiu a maioridade, passou em medicina e agora saía da casa de seus pais. Há semanas eles se entristeciam com o passar dos dias. Há semanas ela ansiava cada vez mais aquele momento.

Tirou a carteira de motorista e comprou um carro com o dinheiro da poupança. Ainda não podia ser considerada uma pessoa segura no volante, mas arriscaria carregar a mudança sozinha. Ia morar com Medéia num apartamento nos arredores da universidade.

Juntou suas bugigangas e deixou outras. Não queria levar muita tralha. Mas havia uma coisa que ela fazia questão de levar: o pitbull. Mesmo estando velho, ele fizera companhia à ela durante toda a sua infância. Corridas no meio da rua, lambidas no rosto ao chegar em casa.
Eles até dormiam juntos, nos dias em que Jimmy não fedia tanto.Quando iam para o interior, corriam entre as vacas, pisando nos seus restos fisiológicos. Foi uma infância feliz e bem vivida.

Até que Jimmy adoeceu. Ele não comia mais, não corria, não brincava, não lambia. Ficou cego, surdo e tecnicamente mudo. Era óbvio que sua morte estava próxima. Jimmy era um cachorro - que mesmo tendo uma idade avançada - de grande porte, brincalhão, que babava demais. Mas ela o amava. Não poderia deixá-lo sob os descuidados cuidados de seus pais. Isso poderia agravar sua - já precária - saúde.

Chegado o grande dia, seus pais a aguardavam na porta. O pai tentava transpassar uma expressão de "não me importo". Enquanto a mãe segurava um lencinho, aos prantos, soluçando. Não havia motivo pra tanto drama. Ela moraria a apenas 3 quarteirões dali.
As malas já estavam no carro e Medéia estava sentada no banco do carona, com Jimmy no colo, que não tinha mais condições de viajar sem apoio físico e emocional.

Terminadas as despedidas, Jennyfer entra no carro e corre o mais rápido possível com o seu Gol prata de placa DIE-0666. No meio do trajeto, Jimmy apresenta ataques epiléticos com falta de ar.

- AAAAH, O QUE EU FAÇO?!

- Abre a janela! Bota a cabeça dele pra fora! Rápido!!

Poucos segundos depois da ação, Jimmy volta ao seu estado de saúde instável estável. Jennyfer se preocupa.

- Medéia, ele já é idoso, fecha a janela, o ar pode fazer mal.

- Tá, ninguém quer que aconteça uma tragédia, certo?

- Certo.

Mas Medéia apertou o botão antes de tirar a cabeça de Jimmy. A janela subia e pressionava o pescoço do pitbull, que voltara a latir. Eram latidos agudos, latidos de agonia que clamavam por socorro. Medéia, desesperada, só apertava o botão pro lado errado, o que só aumentava a dor do cão idoso.

- AAAH, E AGORA? ELE TÁ SUFOCANDO!!

- PUXA A CABEÇA DELE, MEDÉIA, PUXA!

- ARGH, NÃO CONSIGO, TÁ PRENDENDO COM MUITA FORÇA!!

Jennyfer entra em pânico e começa a tentar ajudar Medéia. O carro sai descontrolado pela avenida. Jennyfer puxa o cachorro pela coleira, ao mesmo tempo que puxa o volante pra direita. O carro vai em direção à calçada. Mas Jennyfer não viu o poste.

Só viu a cabeça de Jimmy voando por causa do impacto com o poste e o sangue espirrando em seu rosto. Gritos ensurdecedores saem de dentro do carro, que continua descontrolado, chocando-se com inúmeros veículos que transitavam calmamente na avenida. O carro se aproximava de um cruzamento, Jennyfer não conseguia manter o controle sobre o carro. Então ele bate num caminhão em sua perpendicular.

Ninguém quer que aconteça uma tragédia, certo?

domingo, 1 de novembro de 2009

Parada de ônibus.

Por mais que corresse, ela sabia, não ia chegar a tempo.Atrasada, não podia perder aquele ônibus. Seu emprego estava em risco. Sua vida estava em risco. Sem emprego consequentemente ficaria sem dinheiro, sem casa, sem vida. Morando debaixo da ponte na Rua da Amargura, barraco número 13. Estava em plena rodovia e o ônibus corria muito rápido. Ela chegou na parada e o ônibus, que já havia ultrapassado esta, ia em direção ao norte a toda velocidade.

O motorista estava impaciente, o freio continuava falhando e ele precisava sair o mais rápido possível do expediente. Queria chegar cedo em casa pra pegar a mulher com a "boca na botija". Há muito tempo ele vinha desconfiando dela, com certeza já era corno. Corno de muitos chifres. As pessoas notam, comentam, e ele percebe o movimento.

Respirando intensamente, sem fôlego, pernas bambas, ela xingava o motorista mentalmente. Passa a mão na testa, limpa o suor. Respira fundo e joga a bolsa em cima do banco. Já era. Emprego, dinheiro, vida. Como ia se sustentar agora? Não podia voltar pra casa de seus pais. Havia brigado feio com eles anos atrás, quando saiu de casa aos berros com uma mochila na mão, piercing no umbigo e uma tatuagem nas costas. Depois disso, tomou juízo, passou numa faculdade pública, ficou na casa do estudante e arrumou um emprego decente.

Mais a frente, o ônibus perde o controle. Aquele freio de viado. O ônibus cai barranco abaixo, adentra o rio e explode.

Ela, estupefata, pula de felicidade, chorando, pensando em como tinha sorte. Perdeu o emprego, mas nasceu de novo. Quase morreu. Estaria queimando nas chamas ardentes se tivesse pego aquele ônibus. Se não tivesse parado pra escovar os dentes e passar fio dental, teria morrido. Carbonizada.

Uma buzina se instala por seus ouvidos. Vinha do sul. Assim que ela se virou, viu um caminhão descontrolado subindo o acostamento na sua direção. Não deu tempo de correr. Acertou a pobrezinha em cheio. Seu corpo voou e caiu dentro do rio. O corpo ficou irreconhecível, mas a polícia considerou-a como vítima do acidente de ônibus, que voou janela afora. Não mudaria muita coisa.

sábado, 31 de outubro de 2009

Indicações de filmes.

O que acha de passar na locadora, pegar uns filmes e aproveitar o feriado?
Aí vão algumas sugestões:

Premonição - A trilogia

O filme é de terror, mas admito que nunca ri tanto, nem com filme de comédia. Bem, a história é evidente: a pessoa anda feliz vivendo sua rotina quando de repente tem uma visão de que alguma desgraça vai acontecer. Ela tenta impedir a tragédia, salva as pessoinhas e todos acham que suas vidas voltarão ao normal. Mas elas nem imaginam que vão morrer na mesma ordem que morreriam no acidente. Então, os protagonistas tentam impedir as mortes. E...não vou contar o final. Dica: o final é praticamente igual nos três filmes.

A trilogia mostra mortes extremamente bizarras. Consequentemente, engraçadas.





Kill Bill

Er... Espadas, fights, mortes e desmembramentos. O filme se resume nisso. Mas os efeitos de sangramento são as melhores partes.



Sweeney Todd - O barbeiro demoníaco da Rua Fleet

Um barbeiro com sede de vingança e uma navalha na mão. Já viu que cabeças vão rolar né? Ele perde esposa e filho, volta disposto a matar todos que lhe causaram tamanha desgraça. Direção de Tim Burton, com Helena Boham Carter e Johnyy Depp no elenco.

Bom, nem preciso dizer porque o filme é bom.





Então, corra pra locadora mais próxima, pegue seu balde de pipoca e prepare-se para morrer engasgado ver mortes e jorros de sangue.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

CD arranhado




Infelizmente, não tem morte. Mas tem um fight legal.

Entrevista do dia: O Kinosagi.

- Er... por que a escolha dessa técnica para matar? É um pouco inusitada, não acha?

Eu admito, sou sádico. Acho que alguns já notaram isso. A colher faz a pessoa sofrer, agonizar, se debater. E gosto de ser uma pessoa irritante. Ficar sempre ali, ao lado, fazendo companhia à minha vítima. Eu conheço muito bem as pessoas enquanto tento matá-las. Levo de 10 à 20 anos pra conseguir o que quero. É o suficiente pra contar a rotina das vítimas em detalhes. Gosto de acompanhá-las. Gosto de ver seus rostos desfigurados, banhados em sangue. Gosto de vê-las chorar. Gosto de vê-las sofrer.

- Quantos você já matou?

Bem, demora pra matar uma pessoa. Eu não posso tentar matar 2 ou 3 ao mesmo tempo. Existe todo um processo. Um processo de longa duração. Mas, creio que já assassinei uns 60, em média. Quando chegar aos 100, darei uma relaxada de uns 5 anos, e volto ao trabalho.

- O que acha sobre o filme "O assassino terrivelmente lento com a arma extremamente ineficiente"?

Eu gostei do trabalho feito. Mas ainda assim, acho que 10 minutos e 14 segundos de divulgação não são suficientes para demonstrar o que faço. Há muita coisa por detrás daquilo. Mas a direção é ótima, a equipe de filmagem é maravilhosa.

- Como explica as fracassadas tentativas de lhe matar? Você é imortal, bebe alguma poção, usa coletes...?

Er...Sinto muito, mas não posso revelar o meu segredo. Colocaria em risco a minha família. E provavelmente, apareceriam inúmeros kinosagis por ai.

- Você tem família?

Tenho. Sou casado e pai de 2 lindas crianças. São gêmeos. Um casal, para ser mais preciso. Quando tenho tempo, ensino a minha profissão a eles. Quero que eles continuem a minha missão, quando me aposentar. Eles adoram as aulas. Eles precisam aprender a pegar com firmeza na colher, saber onde acertar,...

- Eles também são "imortais" como você?

Sim, eles e minha esposa. Mas, como eu disse, não posso lhes dizer o que faço para sermos assim. Bem, crianças que lêem a entrevista: comam espinafre e brócolis. Acreditem, faz bem.

- Você seleciona suas vítimas cuidadosamente ou é uma escolha aleatória?

Eu gosto de inovar, sempre escolho pessoas diferentes, com vidas anormais e empregos inusitados. A vida deles é mais interessante que as outras. Já que eu acompanho-os até a sua morte, tenho que presenciar coisas diferentes, pra matar o tédio.

- O que gostaria de dizer aos leitores dessas entrevista?

Aproveitem bem a vida. Ela é curta demais. Nem todos tem uma imortalidade como a minha, então...divirtam-se. E para os parentes de vítimas minhas: desculpem, eu simplesmente não me controlei. Para os que serão minhas vítimas: aproveitem enquanto é tempo, eu chegarei em breve e não vou parar até que estejam mortos. E tomem cuidado com indíviduos estranhos que andam por ai com colheres na mão: eles podem ser parentes meus. Porém, podem ser imitações. Mas, por precaução, fiquem longe. Acho que...vejo vocês em breve.

Picapes perigosas.

Final de semana. Praia. Cerveja. Som. Churrasco.

A turma do curso de Administração curtia o final de semana em Porto de Galinhas. Planejavam sair ao fim de tarde para dar uma olhada no mar.

Eram muitos carros de muitas marcas. Mas apenas um chamava mais atenção do que os outros: a Hillux. Era preta, reluzente, grandiosa. Ofuscava os olhos de quem passava ao meio-dia. O dono se orgulhava pela escolha, todos os seus amigos o invejavam.

Se reuniram e se dividiram entre os carros. Mas todos queriam ir na Hillux. Seu proprietário escolheu levar as garotas na caçamba da picape. Era uma boa opção. Claro, ele tinha suas segundas intenções. Desviar do caminho planejado para um fuga com 3 loiras, 3 morenas e 1 ruiva em seu carrinho.

Mas nem tudo saiu como planejado. Ele, para impressionar, arrancou a toda velocidade com a picape monstruosa que carregava mulheres lindas na parte traseira.

Milena, a morena, alta, olhos castanhos, cabelos lisos ao vento, vestia saia. Que erro. Que grande erro.

A saia se enroscou no suporte para cordas. Ela se desequilibrou. E virou de cabeça para baixo.

Por mais alta que fosse a picape, não impediu que sua cabeça fosse arrastada pelo asfalto.O sangue escorria. As meninas gritavam. O dono da picape não ouvia. Cantava ao som da banda Dejávu. As meninas não conseguiam puxá-la.

Ela não tinha mais cabelo. Este se enrolou na roda. Sua cabeça girava, girava, girava. Junto ao sangue, a massa encefálica. Começaram as buzinas, em desespero, na tentativa de avisar ao motorista o que ocorria. Ele olhou pelo retrovisor.

"Minha nossa. o que é aquilo?"

Como o corpo da garota não podia mais ser identificado como um corpo humano, ele achava que tratava-se um cachorro atropelado. Começou a andar em zigue-zague. Não queria uma cachorro morto enroscado no seu novo investimento.

O corpo se desprendeu. E ele continuou a toda velocidade. Agora desviava sua mente para planejar a fuga. Nessa fuga, pegaria a morena, alta, de olhos castanhos.

Ao parar o carro, ele se enganou.

funny death (:




A caixinha de leite.



Bem, temos acima uma história emocionante da vida de uma caixinha de leite fofa e feliz. Vejam seu destino final.

Blur - Coffee and TV

super bonder.

Era uma noite sem nuvens. As duas garotas se preparavam para sair. A carona chegaria em breve.

Mas o inesperado aconteceu, seguido de um grito angustiante.

- AAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHH, MEU DEUS!

- O que foi?

- Minha unha!

- O que tem ela?

- Ela...ela...quebrou!

- Ai meu deus, e agora? Que coisa mais horrível. Tinha que acontecer logo na ''noite do ano''?

- O que eu faço? O que eu faço? Caramba, eu tinha acabado de pintar, o esmalte nem tinha secado ainda...

- Tive uma idéia. Pega a Super Bonder na gaveta do guarda-roupa.

- Vou colar a unha com Super Bonder?

- É. Uma amiga minha tentou e disse que funciona.

- Tá.

A garota se levanta da cama, se dirigindo ao guarda-roupa. Abre cuidadosamente. Ela não queria quebrar outra unha, muito menos borrar o esmalte. Pegou a Super Bonder e voltou à cama.

- Abre pra mim?

- Não posso, tô pintando a minha unha.

- E como eu vou abrir?

- Com a boca, oras.

Ela fez cara de nojo e desprezo. Mas, era a única salvação para a sua unha. Abriu aboca e tentou girar a tampa. Sem sucesso.

Botou um pouco mais de força, apertando firmemente o tubo. Com a pressão, a tampa voou pra dentro de sua boca.

Junto com a cola.

A tampa fez um curto trajeto até a sua garganta. Engoliu. A cola se espalhava sorrateiramente pela sua boca, colando sua língua aos dentes. Ela desceu lentamente pela garganta, passando pela faringe, esôfago, estômago,...por inúmeros órgãos.

A sensação era agonizante. Ela se debatia. Não podia falar. Sua amiga não via nem ouvia: prestava atenção em suas unhas enquanto ouvia Britney Spears no volume máximo do iPod.

A cola continuava sua trajetória. Se instalou nos pulmões. Alcançou os alvéolos e brônquios. Parou de respirar. Parada cardiorespiratória.

Caiu morta no chão.

As unhas borraram. Droga.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Doce infância

Se essa bala
Se essa bala fosse minha
Eu mandava
Eu mandava te matar
Com pedrinhas
Com pedrinhas de chumbinho
Pra você
Pra você não respirar

Nessa rua
Nessa rua tem um poste
Onde acertei
Acertei meu cabeção
E jorrou
E jorrou litros de sangue
E parou
E parou meu coração

Se eu morri
Se eu morri atrofiado
Tu choraste
Tu choraste de montão
Acabei
Acabei sendo enterrado
Dentro de
Dentro de um belo caixão

Música de criança

Era uma casa muito macabra
Tinha um teto feito de palha

Dentro da casa havia fantasma
Isso me dava crise de asma

Dentro dela, escuridão
Tropecei num carro-de-mão

Mas era feita com muitos pregos
Na rua dos cornos, número 0

(:

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Ironic - Alanis Morissette



An old man turned ninety-eight
He won the lottery and died the next day
It's a black fly in your Chardonnay
It's a death row pardon two minutes too late
Isn't it ironic... don't you think?

It's like rain on your wedding day
It's a free ride when you've already paid
It's the good advice that you just didn't take
And who would've thought... it figures

Mr. Play It Safe was afraid to fly
He packed his suitcase and kissed his kids good-bye
He waited his whole damn life to take that flight
And as the plane crashed down he thought
"Well, isn't this nice."
And isn't it ironic ... don't you think?

It's like rain on your wedding day
It's a free ride when you've already paid
It's the good advice that you just didn't take
And who would've thought... it figures

Well life has a funny way of sneaking up on you
When you think everything's okay and everything's going right
And life has a funny way of helping you out when
You think everything's gone wrong and everthing blows up
In your face

A traffic jam when you're already late
A no-smoking sign on your cigarette break
It's like ten thousand spoons when all you need is a knife
It's meeting the man of my dreams
And then meeting his beautiful wife
And isn't it ironic... don't you think?
A little too ironic.. and yeah I really do think...

It's like rain on your wedding day
It's a free ride when you've already paid
It's the good advice that you just didn't take
And who would've thought... it figures

Well life has a funny way of sneaking up on you
And life has a funny, funny way of helping you out
Helping you out


---------------------------------------

Pra quem não sabe traduzir, a tradução:

http://letras.terra.com.br/alanis-morissette/123/#traducao

A que ponto

A Senhora MLD, casada com o industrial CDG, 34 anos dois filhos no ginásio, casa própria, duas empregadas, formada em Psicologia na PUC mas totalmente dedicada ao lar e à família, católica praticante, muito ativa em obras sociais, saiu de casa para ir ao Supermercado, no Volks que o marido comprara para ela usar enquanto ele levava o Corcel para o escritório.
Ao mesmo tempo, a Senhora DSS, casada com o advogado RPS, 28 anos, três filhos (o menor no Maternal), apartamento próprio, uma empregada, com veleidades culturais (alguns poemas) totalmente dedicada ao lar e à família, católica por formação, esparsamente ativa em obras de caridade, saiu de casa para o Supermercado, na Variant que o marido deixava para ela nos dias de fazer rancho.

As senhoras MLD e DSS chegaram ao mesmo tempo na porta do supermercado. M vestia slacks, camiseta de malha (com soutien), um lenço simples na cabeça. D, um vestido estampado, sandálias de couro. Cruzaram na entrada do Supermercado. Não se conheciam, mas sorriram-se. As duas jovens senhoras.

Oito minutos mais tarde, a Senhora MDL, com frio no coração, avistou uma lata de óleo – a última – na prateleira do Supermercado. Apressou o passo, deixando o seu carrinho para trás e pegou a lata. Ao mesmo tempo, a Senhora DSS, que vinha em direção oposta, também pegou a lata. Ambas riram, com a coincidência, mas nenhuma largou a lata.

- Acho que vi primeiro – sorriu M.

- Não, acho que fui eu – sorriu D.

Riram-se outra vez, mais alto, cada uma tentando puxar a lata para si. Meio sem jeito, M, disse:

- Que coisa horrível, a que ponto chegamos!

- Não, acho que fui eu – sorriu D.

M firmou o pé no chão e tento desiquilibrar D. Esta respondeu com um puxão, pensando surpreender M. Caíram sobre a prateleira de açúcar – que felizmente estava vazia.

- Larga! rosnou a formada em Psicologia na PUC.

- Larga! rosnou a eventual poetisa.

A confusão, que já atraíra um considerável assistência, acabou por atrair também o gerente do Supermercado. “Senhoras!” pediu ele, mas já não havia senhoras ali. Duas fêmeas brigava por um presa (Tudo isso aconteceu no Brasil, anteontem). Quem ganhasse levaria o óleo para sua caverna. Dedicadas com igual força ao lar à família, as duas feras derrubaram a gôndola carregada de conservas.

- Os vinhos estrangeiros! gritou, em pânico, o gerente, vendo a direção em que se desenvolvia briga. Ninguém conseguia apartá-las. Estavam ambas, agora, quase nuas.

Derrubaram a gôndola de vinhos estrangeiros. Rolaram, engalfinhadas, sobre os cacos de garrafas. O sangue misturava com tinto, o branco e o rose. Houve um momento em que D conseguiu safar-se da adversária e correr cambaleante, triunfante, pelo corredor, com a lata erguida na sua mão ensangüentada. Mas M correu atrás e com um salto e um berro atracou-se nas costas de D, derrubando-a.

- Chamem a polícia!

D, mais moça conseguiu erguer-se mesmo com M montada nas suas costas. Andava de joelhos. Apertava a lata contra os seios, onde agora o vinho e o sangue se misturavam com farinha, sucrilhos e etiquetas de preços. Todos viram que D dirigia-se para cortar fora aqueles braços que lhe envolviam a cabeça, aquelas mãos que lhe arranhavam o peito buscando a última lata de óleo. E de repente soltou um grito que começou agudo e terminou grave e borbulhante.

Os dentes de M tinham se cravado na sua jugular.

Luis Fernando Verissimo

sábado, 17 de outubro de 2009

Como fazer seu próprio death note.


Material:

- Uma caderno de capa dura, pequeno
- Tesoura
- Cola
- Fita durex
- Tinta preta
- Papel 40k ou ofício

Intruções:

1 - Encape o caderno com papel 40k ou ofício. (Não é possível que você não tenha capacidade mental suficiente pra encapar um simples caderno, precisa explicar como faz isso?). Cole as bordas com cola e fita durex (só pra reforçar) na parte interna do caderno.

2 - Pinte a folha que envolve o caderno de preto. Pode ser com pincel, mas com o dedo fica até melhor. Dá um toque mais macabro, entende?

3 - Entre nesse link: http://www.4shared.com/file/41436624/bb4b3a08/Death_Note_Font.html?s=1

Faça o download da fonte do Death Note.
Bem, não preciso dizer como se faz pra descompactar uma pasta zipada, né?
Copie o conteúdo da pasta.
Abra o Painel de Controle.
Cole o conteúdo na pasta Fontes.

4 - Imprima a frase ''Death Note'' usando a Anime Death Note B. A cor da frase tem que ser branca. Ou você imprime em papel preto ou faz um quadradinho preto no Paint e escreve em branco. Imprime depois, claro.

5 - Recorte cuidadosamente as letras e cole no topo do caderno agora preto.

Está pronto seu Death Note. Apenas seja cauteloso na hora de escrever o nome das suas vítimas no caderno, ok?

Colheradas na bochecha,
Kino

All you need is love.







sexta-feira, 16 de outubro de 2009

bicicleta.





Tinha 15 anos e ainda não tinha aprendido a andar de bicicleta.
Só conseguia em bicicleta de rodinha. Isso era uma vergonha.
Por causa disso, fora excluído durante toda a sua infância. Isso era um trauma.
Pediu de presente de aniversário, uma bicicleta, sem rodinhas, para que pudesse treinar.
Passava horas na rua, tentando. A cada queda, uma esfolação.
Joelho.
Cotovelo.
Queixo.
Barriga (?).
Num final de tarde quente, ele finalmente conseguiu. Andou com perfeito equilíbrio.
Leve como uma pena.
Livre como um pássaro.
Feliz como um gay ao ver um negão passando.
Ele sabia, se conseguiu o equilíbrio, conseguiria fazer aquilo.
Ele abriu os braços.
Fechou os olhos.
Respirou fundo.
Bateu de frente com um carro.
A bicicleta empinou, jogou o corpo do garoto pra frente.
Corpo que voou por cima do capô.
Quebrou o vidro dianteiro.
Caiu no asfalto.
Leve como uma pena.
Livre como um pássaro.
Feliz como um gay ao ver um negão passando.
Um sorriso radiante surgia em seu rosto morto.
Ele conseguiu.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Entrevista do dia: A Morte

- Quantos você já levou pro outro lado?

Nossa, agora você me pegou. Eu perdi a conta, admito. A partir da Segunda Guerra Mundial, eu desisti de contar. Mas fica tudo anotado, nenhum passa despercebido.

- Pode nos revelar a sua idade?

Prefiro não citar números.

- Muitas pessoas temem você. Qual o motivo desse medo?

Veja, querida, nem eu sei o porquê dessa rejeição a mim. Mas, pela minha experiência, creio que as pessoas não me conhecem o suficiente para me julgar dessa forma. Pensam em mim como o ''fim da linha'', quando não há mais maneira de prolongar sua estadia na Terra. Acho que elas não tem pavor à minha pessoa, mas temem como será o modo que eu chegarei a elas.

- Você possui muitos métodos. Por que não utilizar apenas algo simples, como uma parada cardíaca?

Ah, é porque eu adoro suspense. Que graça teria você passar a vida toda me esperando, sabendo como eu chegaria? Eu simplesmente amo criar expectativa nas pessoas.

- Você possui algum ''hobbie''?

Uma coisa que eu faço constantemente, é dar sustos nas pessoas. São as tão famosas Experiências de Quase Morte (EQMs).

- Gosta do seu trabalho?

É um trabalho bem prazeroso, se é que você me entende. É extremamente gratificante ver a expressão de alívio no rosto das pessoas ao me verem. Às vezes, tenho tempo de convesar com uns e outros. Você aprende muito, sabe?

- Qual a sua maior qualidade?

Bem, em alguns casos de morte, eu sou rápida. Uma morte rápida e sem dor. As pessoas não gostam de agonizar até morrerem. Outra grande qualidade minha é a pontualidade. Nunca demoro mais que o necessário para chegar.

- E o seu pior defeito?

Meu trabalho é muito estressante, isso me transformou num ser irremediavelmente impaciente. Algumas pessoas não aceitam o simples fato de que estão mortas, em seguida, começam a entrar em pânico e se descontrolam. Essa é a pior parte do meu emprego. Me deixa profundamente irritada.

- Você se considera uma pessoa solitária?

Não, no meu trabalho, conheço muita gente, é raro me ver desacompanhada.

- Você é uma pessoa fria, sem sentimentos?

Não, claro que não. Alguns casos são bem comoventes, como um acidente de trânsito. Outros, podem ser definidos como uma ''morte feliz'', quando a pessoa morre dormindo, por exemplo. Meu trabalho mexe muito com o lado emocional, mas depois de anos de prática, você aprende a controlar seus sentimentos.

- O que você gostaria de dizer aos leitores dessa entrevista?

Hum... Leitores, essa entrevista é apenas uma pequena parte de mim. Brevemente nos encontraremos e com certeza, nos conheceremos melhor. Não se preocupe com o nosso encontro, estou certa de que seremos bons amigos. Até lá, não desperdicem suas vidas pensando em como, quando e onde serão suas mortes. Apenas saiba que eu irei lhe buscar, no dia em que seu coração parar de bater.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

There is someone...




There is someone walking behind you,turn around, look at me.

There is someone watching your footsteps,turn around, look at me.

P.S.: quem assistiu Premonição 3, com certeza lembra dessa música.


http://imustbedead.deviantart.com/art/Blue-Screen-Of-Death-78868303

...



Concordo totalmente.

Fall Out Boy + Happy Tree Friends = (?)

Unindo o útil ao agradável.

árvoreárvoreárvore

Estava feliz. Em cima de uma árvore, onde ela podia ter a impressão de que nada poderia lhe atingir. O vento sussurrava em seus ouvidos, cochichando coisas inaudíveis. A sombra lhe protegia do calor irradiante que o sol despejava naquele quente e abafado dia de verão.

Mas era hora de voltar a sua realidade. Precisava descer cuidadosamente daquela árvore, que tinha galhos retorcidos como plantas do cerrado.

Escorregou. Sua saia prendeu num galho e ela virou de cabeça pra baixo. Com a calcinha aparecendo, ela gritava. Desesperada estava. Pobre criança. Que destino injusto. Agora sua rosto ficava vermelho por causa do sangue que percorria um simples percurso até a sua cabeça. Gritava. Pedia socorro. Ninguém a ouvia.

Então, ela teve uma idéia genial. Resolveu se balançar para tentar desprender a saia. Ela conseguiu. Porém, caiu em cima do Corolla preto que estava debaixo da árvore. Estilhaçou o vidro dianteiro. O carro começou a apitar. O alarme.

Ela, caída dentro do carro, em cima dos bancos de motorista e passageiro, sorria. Ela tinha muita sorte, com certeza. Só alguns cortes profundos e uma costela quebrada. Tentou se levantar. Um ruído a assustou. O galho gigantesco quebrou. Caiu em cima do carro. A menina dentro. Os galhos atravessados em seu corpo agora morto.

É, ela tinha muita sorte. Foi uma morte rápida, como ela sempre sonhou.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

calor.

Estava escuro. Não havia luz. Por mais que corresse, não conseguia chegar onde queria. Ela estava cansada, arfando. Seus pulmões ardiam com a falta de ar, o coração acelerado lhe causava extrema agonia e o vento desarrumava seus cabelos negros. Suas pálpebras pesadas se fechavam involuntariamente. Fechou seus olhos por um momento.

Acordou.

Estava escuro. Não havia luz. Era uma noite quente. Apenas um fraco feixe de luz laranja adentrava no quarto silecioso. O suor escorria pelo seu rosto cansado. O calor era extremo. Dormia no chão, com um ventilador próximo a sua cabeça. Ele estava desligado. Esse era o motivo da elevada temperatura naquele cubículo. Ligou o objeto inspirado em catavento. Mas ela não sabia que sua morte estava próxima. O ventilador puxou seus longos cabelos. Ela gritava. Se debatia. Não conseguia desprender seu cabelo daquele moinho. Aquela porra de ventilador. Ao tentar soltar o cabelo, enfiou a mão na máquina demolidora. Perdeu uma mão. Tentou se levantar. Foi a maior merda que já fizera na sua vida. O ventilador cortou na linha de suas têmporas. Ele parou.

Estava escuro. Não havia luz. Era uma noite quente. Apenas um fraco feixe de luz laranja adentrava no quarto silecioso. O corpo sentia a ausência de metade da cabeça. A massa encefálica escorria pelo colchão. O sangue descia silencioso e se espalhava em torno do cádaver.

Não acordou.

cinema.

Raquel e Camilla eram duas adolescentes normais. Marcaram de ir ao cinema assistir a um filme de comédia. Antes da sessão, passaram numa loja para comprar bombons e comer durante o filme.

Entraram na sala e preferiram sentar na última fileira.

As luzes se apagaram. Começaram os trailers. Raquel pôs um chiclete na boca.

O filme arrancava gargalhadas do público, que não conseguia parar de rir nem por um minuto.


Camilla: Raquel, acho melhor você jogar o chiclete fora, vai que você engole, se engasga e morre?

Raquel: Oush, vou jogar meu dinheiro fora não.


Depois de 50 minutos de filme, em meio à tantas risadas, Raquel cutuca Camilla, tentando lhe avisar algo, segurando o pescoço com as duas mãos. Foi uma tentativa fracassada, porque o barulho na sala de cinema 6 era infernal. Camilla ignorou, queria prestar atenção ao filme e não estava muito afim de dar atenção a Raquel.

20 minutos depois, Camilla se inquietou com o silêncio da amiga e resolveu dar-lhe uma tapa no rosto. Ela não enxergava nada, então, pegou o celular e ligou a luz no rosto de Raquel. Estava de olhos fechados. Não tinha mais pulsação. Morreu engasgada com o chiclete preso na garganta. Camilla volta a assistir ao filme, olha para o cádaver:

Camilla: Eu avisei, sua otária.

domingo, 11 de outubro de 2009

Fim de semana.

Era um final de semana em Itamaracá. Muita gente. Muita gente mesmo. A aglomeração de farofeiros visitantes na praia era angustiante.

Carros de som tocando ''Pegada Envolvente''. Bêbados Pessoas felizes da vida em volta do carro, segurando suas latinhas de cerveja, dançando de forma extremamente desconhecida.

Meninos rolando na areia, enchendo suas sungas de terra apostando quem descia rolando deitado mais rápido.

Nem é preciso comentar a situação dos bares.

Rosicléia e Kharolayne decidiram passar o fds por lá mesmo. Itamaracá vira o ''point da farofa'' nos feriados. À noite, faziam uma super produção para irem à praça. Era lá que os ''boyzinhos'' apareciam e a bebida alcóolica rolava solta.

Estava praticamente uma missão impossível se locomover nas ruas principais. Era chute, pisadas nos pés, cotovelada na cara, gente passando a mão na sua bunda, cheiro de cigarro adocicando suas narinas,...

Rosicléia: Meu Deus, me dá a mão pra gente não se perder!

Foi ai que aconteceu. Tiros. Gritos. Gente correndo pra todos os lados.

Rosicléia soltou a mão de Kharolayne. As duas se perderam.

Infelizmente, Rosicléia escolheu a noite errada pra usar salto. Tropeçou num mendigo e caiu de cara de no chão. Daí, Rosicléia virou chão. Morreu pisoteada.

Kharolayne corria e gritava desesparadamente, esperança de salvar a sua vida daquele triste fim. Mas, uma luz inebriante surge, e quando todos acham que chegou a salvação, um trator desgovernado atropela a todos, extinguindo por completo a nação farofeira da Ilha de Itamaracá, que habitava a avenida principal.

sábado, 10 de outubro de 2009

fubá.

Tinha cachinhos dourados que caiam pelos ombros. Grandes olhos verdes sempre a procura de algo novo no mundo.

Tinha um pássaro, que se chamava Fubá. Vivia se perguntando porque tal pássaro sempre vivia na gaiola, ao invés de estar voando livre em campos de morango.

Determinado dia, observou uma alteração na expressão do pássaro. Ele estava com fome. Muita fome.

A menina pegou uma cadeira na sala de jantar e arrastou-a com muita dificuldade até a cozinha. Subiu na cadeira, abriu o armário e pegou o primeiro pacote ao seu alcance. Claro, se ele estava com fome, comeria de tudo, pensou.

Ela voltou ao terraço, abriu o pacote em que - curiosamente - o conteúdo tinha a mesma denominação do pássaro. Era um pacote de fubá.

Abriu a gaiola, enfiou a mão no pacote e pegou um punhado de fubá, colocando no potinho de comida do pássaro.

Ele começou a comer desesperadamente. A fome era agonizante. Contudo, o pássaro começou a se engasgar.

A menina entrou em pânico. Correu para a cozinha, pegou um copo e encheu-o de água. Voltou ao terraço, pegou o pássaro e deu-lhe de beber.

A próxima sequência de fatos é esclarecida por essa expressão:

Fubá + Água = Inchaço

Assim, o pescoço do pássaro começou a inchar, inchar, inchar, até ficar do tamanho de uma noz.
A menina, impressionada, soltou o pássaro, que caiu no chão, com os olhos esbugalhados, fixos no rosto da menina.

Sua expressão se resumia a essa frase:

''Sua doente''

A menina cutucou os resto mortais do pássaro com pé, com força suficiente para estourar o pássaro, escorregar nas suas tripas, cair de costas e bater a cabeça num baquinho.

Quebrou o pescoço.


Essa história é baseada em fatos reais.

o zé camilo.

Havia algum tempo desde que seu filho agia de uma forma estranha. A pobre dona-de-casa já estava se desesperando.

Juninho chegava da escola e se trancava no quarto. Não saia mais. Levava a comida e comia lá mesmo. Fazia xixi em garrafas de coca-cola e mandava e mãe esvaziar e levá-las de volta ao quarto.

Juninho: Pow, mãe! Pense no meio ambiente, reutilize.

Ninguém podia entrar no quarto. Era lugar proibido.

Até que um dia, poucos minutos depois da saída de Juninho para a escola, a mãe entrou no quarto. Estava imundo, obviamente, mas isso passou despercebido aos olhos horrorizados da mãe.

Um chimpanzé. Era isso que seu filho mantinha vivo no quarto. Um chimpanzé. Sentado na cama, com o controle remoto da SKY TV, debaixo das cobertas, com um balde de pipoca.

Passos apressados no corredor. Era o Juninho.

- MÃE?! O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI?!!

- Eu...er...limpar...macaco...digo...limpar quarto.

- MÃE, EU AVISEI. NÃO ERA PRA ENTRAR NO QUARTO!

- Eu sei, eu sei. Mas eu tinha que limpar.

- NÃO TINHA QUE LIMPAR NADA.

- Filho, onde você achou esse macaco?

- NÃO INTERESSA.

O macaco olha de forma sedutora e sensual para a mãe do menino. Ela se aproxima da cama. No mesmo segundo, Juninho se agacha em posição de ataque.

- FIQUE LONGE DELE, SUA CADELA!

O macaco abraça carinhosamente a mãe do Juninho. Juninho não resiste e parte pra cima dos dois. Joga a mãe no chão, ergue uma espada tirada debaixo da cama:

- PELOS PODERES DE RAMBO!

Um feixe verde de luz ofusca o cenário do quarto. A mãe virou purpurina. Literalmente.

Agora, eram só eles dois. Juninho e Zé Camilo. Juntos, pra sempre. Uma eternidade com direito a 200 canais e pay-per-view. Nada poderia separá-los agora. Nada.